05 abril 2009

Manhã de domingo

O despertar ao sabor da luz do sol que entra na janela é sem dúvida um privilégio.
Os raios de sol entram pelas frestas da persiana, percorrem o espaço até encontrarem uns tecidos finos e ténues que se cobrem de laranja e bege. Incidem nas paredes nuas e brancas e invadem o quarto de uma luminosidade estonteante.
Há sorrisos, palavras doces e meigas, partilha de afectos e de cumplicidades sob a forma de palavras prosadas.
É isso!
Tu queres. Eu quero.
As fantasias são muitas.
As dúvidas e os medos maiores.
Os desejos... que explanam eles?! Que explicam?!
Tu queres. Eu quero.
Eu queria... - dizes tu! - Como queres tu?! Que escolherias tu? Qual seria a tua opção no que toca a esta matéria??
Para mim não há opção!
- digo eu - Isso para mim não é importante!
Mas... e que programações?! Que viagens?! Que vontades?!
Tu queres. Eu quero.
E a dúvida subsiste!
Quero tanto que chega a doer. Tanto que já só ouso trocar esses desejos contigo se porventura tu o exprimires! Mas continuo sem entender. A dúvida subsiste, martelando na minha cabeça. Correm tantas sinapses, que chego a ficar enjoada de tanto estímulo nervoso! Apetecia-me agarrar em mim e jogar-me na parede, rachar a cabeça e arranjar um dicionário de aprendizagem "como ser racional em alturas críticas" para lá colocar dentro, mas não consigo!
E cansa! Cansa tanto!!!
Tu queres. Eu quero.
Eu quero. Tu queres.
Dá-me uma luz. Dás?!

Damásio disse "podemos ser Hamlet durante uma semana ou Falstaff por uma noite, mas tendemos a regressar ao ponto de partida. Se tivermos o génio de Shakespeare, podemos utilizar as batalhas interiores do si para criar o elenco inteiro de personagens do teatro ocidental - ou no caso de Fernando Pessoa, para criar vários poetas diferentes, os seus heterónimos. Porém, ao fim e ao cabo, é um Shakespeare idêntico a si mesmo (e não um dos seus personagens) que se reforma tranquilamente em Stradford, e é um Pessoa idêntico a si mesmo (e não Ricardo Reis) que bebe até ao esquecimento e morre num hospital de Lisboa." (in O Sentimento do Si)

Assim me explico!

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