31 maio 2007

Cântico negro

Porque um dia alguém foi capaz de escrever tamanha estória com a qual nos identificamos...

Cântico negro

"Vem por aqui" - dizem-me alguns com os olhos doces
Estendendo-me os braços, e seguros
De que seria bom que eu os ouvisse
Quando me dizem: "vem por aqui!"
Eu olho-os com olhos lassos,
(Há, nos olhos meus, ironias e cansaços)
E cruzo os braços,
E nunca vou por ali...

A minha glória é esta:
Criar desumanidade!
Não acompanhar ninguém.
- Que eu vivo com o mesmo sem-vontade
Com que rasguei o ventre à minha mãe

Não, não vou por aí! Só vou por onde
Me levam meus próprios passos...

Se ao que busco saber nenhum de vós responde
Por que me repetis: "vem por aqui!"?

Prefiro escorregar nos becos lamacentos,
Redemoinhar aos ventos,
Como farrapos, arrastar os pés sangrentos,
A ir por aí...

Se vim ao mundo, foi
Só para desflorar florestas virgens,
E desenhar meus próprios pés na areia inexplorada!
O mais que faço não vale nada.

Como, pois sereis vós
Que me dareis impulsos, ferramentas e coragem
Para eu derrubar os meus obstáculos?...
Corre, nas vossas veias, sangue velho dos avós,
E vós amais o que é fácil!
Eu amo o Longe e a Miragem,
Amo os abismos, as torrentes, os desertos...

Ide! Tendes estradas,
Tendes jardins, tendes canteiros,
Tendes pátria, tendes tectos,
E tendes regras, e tratados, e filósofos, e sábios...
Eu tenho a minha Loucura !
Levanto-a, como um facho, a arder na noite escura,
E sinto espuma, e sangue, e cânticos nos lábios...

Deus e o Diabo é que guiam, mais ninguém.
Todos tiveram pai, todos tiveram mãe;
Mas eu, que nunca principio nem acabo,
Nasci do amor que há entre Deus e o Diabo.

Ah, que ninguém me dê piedosas intenções!
Ninguém me peça definições!
Ninguém me diga: "vem por aqui"!
A minha vida é um vendaval que se soltou.
É uma onda que se alevantou.
É um átomo a mais que se animou...
Não sei por onde vou,
Não sei para onde vou
- Sei que não vou por aí!

José Régio

22 maio 2007

Fracture



A simplicidade das coisas revela a sua genialidade!


18 maio 2007

À memória

Seja por que motivo for, é bom descansar!
Independentemente do estado físico ou de espírito!
A música continua a tocar.
Os meus olhos vão fechando à medida que os ponteiros se encaminham para o minuto.
O relaxamento começa a surtir o seu efeito e atenta ao 1º beijo deixo que a memória voe para infâncias arquivadas nas gavetas que me compõem! Recordo pois as tardes a andar de baloiço, sem nunca delas me fartar, imaginando sempre a felicidade que sentiria com o alcançar do tal salto que sempre almejava!
Por entre estas memórias, surge a imagem da caixa de chiclets amarela à moda antiga.


A caixa que costumava andar no bolso esquerdo da camisa ao xadrez amarelo e preto ou na pochete preta que usavas todos os dias para ires para a famosa sala de electrotecnia, com circuitos de luzes, campainhas de botões e de lâmpadas e de bancos volantes de camião. As tais chiclets que picavam, mas que jamais terão o mesmo sabor de há 20 anos!
Saudade...
Saudade e um sorriso!

17 maio 2007

Sheryl Crow Ft. Sting - Always On Your Side

À espera do comboio

Uma guitarra grita em surdina, com uma bateria que se evidencia a cada chicotada. Junta-se numa parceira impenetrável, inseparável e impossibilitada de sobreviver sem o poder das letras que vão saindo numa onda de sofreguidão, repletas de energia e de qualquer coisa que as eleva ao expoente máximo da dor! É só mais um dia mau que se prova, em mais um espaço que não é o meu. A revolta eleva-se e os olhos incandescem a uma velocidade estonteante, tanto e tão pouco que poucas são as gotas do cloreto de sódio no estado líquido que se fazem evidenciar neste tempo que de solarengo tem apenas a aparência!

10 maio 2007

A ti...

... só desejo uma vida longa!


09 maio 2007

Memories

Numa rua movimentada,
repleta de gente e de carros,
de autocarros apinhados de gente
e de motas que circulam a grandes velocidades
vêem-se casas de um lado
e de outro vê-se um jardim.
Por segundos,
cheirou-me a cera acabada de pôr no chão.
Apesar das tristezas,
a minha memória transportou-me,
levou-me aos meus anos de João de Deus!
Tão grande é a memória...
Por que caminhos nos leva!

08 maio 2007

Olhos vendados

Um jogo... em grupo! 8 participantes e 1 observador. O objectivo é formar uma fila com os números que cada um conhece única e exclusivamente, individualmente. Ninguém sabe o número do parceiro. A fila tem de ficar por ordem numérica crescente ou decrescente.



Sem falar e sem ver, utilizem todos os outros sentidos para conseguirem levar a efeito a tarefa proposta. Têm 5 minutos!

O objectivo não foi alcançado! Foram vários os motivos, mas sobretudo porque não houve comunicação verbal.

Imaginem esta situação todos os dias, 24 sobre 24 horas.

07 maio 2007

06 maio 2007

01 maio 2007

Frase do dia!

Tens as mãozinhas quentinhas!!!