14 novembro 2006

O meu avô...

Estava sentada no comboio quando de repente, numa das estações entrou um casal de velhotes que se sentaram mesmo à minha frente.
Foi impossível não reparar neles, sobretudo no senhor que, puxando cavalheirescamente as calças para cima, se sentou no lugar em frente ao meu.
Cheirava a sabonete e a água de colónia.
Não conheci nenhum dos meus avôs. Um faleceu antes sequer de eu ter sido pensada. Outro faleceu no ano em que eu nasci, mas sem nunca ter ouvido falar do futuro nascimento de um neto. Mas tenho a certeza que se algum deles existisse seria como aquele simpático velhote, de cabelos brancos, óculos de piloto escurecidos, camisa ao xadrez e calças de tecido. Teria o ar amoroso e carinhoso que aquele velhote a quem apetecia sentar ao colo tinha.
Aquela mistura de odores e aquela figura transportaram-me para a minha infância, para as minhas vivências infantis. Recordei o meu bizavô! Recordei o seu colo e os seus mimos! Recordei um dia em que corria pela casa da avó, porque estava sol lá fora e eu queria brincar na varanda. Chamei o avô. Ele dormia. Dirigi-me a ele e eis que ele apenas resposde oh minha pequenina, tu és tão linda! Nessa altura senti saudades. Dele. De ser criança. De mimos de avô...

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